Matemática: palavra do grego “matemathiké”: “ máthema”; significa “compreensão; explicação; ciência; aprendizagem”; e “thiké” significa: “ arte”. Portanto, “arte ou técnica de ensinar, explicar.”
Como a maioria das pessoas sente aversão por matemática, para descontrair que tal ler um poema muito interessante e descontraído sobre matemática do escritor Millôr Fernandes. Após o texto a matemática vai ficar sem dúvidas menos “chata”.
Poesia Matemática
Como a maioria das pessoas sente aversão por matemática, para descontrair que tal ler um poema muito interessante e descontraído sobre matemática do escritor Millôr Fernandes. Após o texto a matemática vai ficar sem dúvidas menos “chata”.
Poesia Matemática
Millôr Fernandes
Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3ARU5r7JOaSlP_x9JKeP2JbsS40KZrxVE80T5nWMyj94XWB1yIOyhKmm7WLLjWGmQxrGDhXhRlKUeyNsmXmsTmMo00BpjF-zeT2pMZIEZdgN_3Cnz1VHy2MEMFlTp0mzYwK6mS0T0on4/s400/matematica.gif)
muito bom, adorei
ResponderExcluirMuito interessante o texto, estão de parabéns!
ResponderExcluirAchei muito legal.
ResponderExcluirMatemática é bom sim pessoal!
Recomendação de alguém formado na área.
Continuem assim...
Revelando a alma das palavras. :-)
parabéns pela criativadade e pela qualidade do poema.
ResponderExcluir